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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Capitalismo Selvagem?

Como garantimos o futuro dos nossos filhos

Nunca me esqueci daquele dia. Chegaram os resultados: eu estava grávida e meu marido desempregado. Mas nem pensei em tirar a criança e acabar excomungada em Pernambuco. Não, usei a criatividade, vendi espaço publicitário nas ultrassonografias dos bebês (era um casal de gêmeos) e assim paguei o parto e a maternidade. Na hora do batizado não homenageei avó, nem tia, nem padrinho. E graças a seus nomes, nossos filhos Nokia e Ruffles foram muito mais lucrativos do que aquele bando de Wellinsons e Daianes, Taianes, Raianes...
Depois veio a hora da escola. Aí foi meu marido pós – doutorado em educação e ainda desempregado, quem teve a iniciativa, ao declarar: “educação é coisa do passado e eu sou a prova viva disso. Vamos batalhar pelo direito desses moleques trabalharem desde bebê. E em vez de entrar na creche, eles entraram no mercado. Bebês-propaganda, anunciando e consumindo de tudo. No começo bonecas, doces e brinquedos. Depois gordura trans, bebida alcoólica, cigarros. E por fim drogas e armas. Se essas são as coisas que mais movem dinheiro no planeta, como deixar nossos filhos queridos fora disso?
E foi através da educação das crianças que descobrimos nossa nova ética. Quais os valores pelos quais todo mundo briga? Igualdade? Que o quê! Todo mundo é desigual desde que nasce. Se você tem dúvida vá visitar as maternidades do plano de saúde e as públicas. E tem mais: o importante não é saber o valor das coisas, é ter mais dinheiro do que seu vizinho para comprá-las. Porque no nosso mundo quem compra é quem manda. Foi o que ensinamos para Ruffes e Nokia. Não precisamos de cidadania, de título de eleitor, de identidade. Nossa identidade é o tênis que a gente usa e o carro que a gente compra. E viver é gastar no cartão.
E foi assim que vivemos. Hoje eu e meu marido estamos mortos e felizes, vendo nossos filhos vivos e bem sucedidos enquanto curtimos nossa vida eterna aqui no céu. Ou melhor, num paraíso fiscal.

César Cardoso é escritor de letras do tesouro nacional e cobrou uma nota para psicografar essa mensagem.

Um comentário:

  1. Que beleza de estória não? Esse "casal" passou a vida inteira e nem depois de mortos não descobriram o que são valores. Me admira esses "filhos" terem sido bem sucedidos tendo pais que os criaram longe dos valores morais.E por fim ainda cobraram por essa mentirada toda hahahahaha, ao menos terminasse dizendo lugar de criança é na escola, já nos ajudava.

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Itapetininga, São Paulo, Brazil
Sou professora de história, pedagoga e apaixonada por educação. Pretendo colaborar com os colegas educadores.