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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

História do Haiti




O Haiti é aqui...

Há dois séculos, o país era responsável por 75% da produção mundial de açúcar. Como foi possível a colônia mais rica da América tornar-se um dos países mais pobres do mundo?
Em janeiro, o Haiti completou 200 anos de independência. Porém, até agora, não houve tempo ou motivo para comemorações. Em fevereiro, a capital, Porto Príncipe, foi cercada e saqueada por bandos armados, e o país chegou à beira da guerra civil. Nos primeiros dias de março, o presidente Jean-Bertrand Aristide renunciou. Ele foi mais um na longa lista de governantes que não terminaram seus mandatos em dois séculos de história.
Uma história que, no entanto, começou de forma promissora. No fim do século 18, o Haiti era uma das colônias mais ricas da América. Sob controle francês, batizada, a pequena ilha de Saint Domingue no Caribe era responsável pela produção de 75% do açúcar comercializado no mundo. A prosperidade econômica era garantida pelas plantações em grandes propriedades e pela exploração do trabalho escravo. Mas esse modelo estava com os dias contados.
Em 1791, inspirados na independência dos Estados Unidos (1776) e na Revolução Francesa (1789), os haitianos levantaram-se contra a discriminação entre homens livres, mulatos, negros e brancos. O movimento começou com distúrbios provocados por mulatos livres que exigiam equiparação de direitos com os brancos. Dos americanos, o movimento herdou o anticolonialismo e a prática militar. Os cerca de 800 haitianos que participaram da guerra contra os ingleses e receberam treinamento militar nos Estados Unidos estavam entre os líderes do movimento. Dos franceses, vieram os ideais de igualdade e de direitos universais. Em poucos meses, a revolta chegou ao interior: os escravos abandonaram as fazendas, queimaram as plantações e mataram donos de terras e comerciantes. A situação ficou incontrolável quando as principais cidades foram ocupadas. Em 1793, com o caos instalado e o país paralisado, os franceses aboliram a escravatura e Touissant Louverture, um ex-escravo, líder do movimento de libertação, assumiu o poder.
A retirada dos colonizadores e o momento de instabilidade deram a deixa para que os ingleses, que ocupavam a vizinha Jamaica, tentassem invadir a ilha. Diante da ameaça britânica, haitianos e franceses fizeram uma trégua e repeliram os invasores. Mas nem bem a Union Jack (a venerada bandeira dos britânicos) sumiu no horizonte, os espanhóis chegaram para tentar dominar o território. Novamente, os ex-escravos armaram-se para lutar contra os estrangeiros. Os espanhóis não só foram derrotados como cederam sua parte da ilha, a porção leste, para a França, em 1795.
Mas a cooperação durou pouco. Em 1802, Napoleão Bonaparte enviou tropas para destituir Louverture. Depois de meses de combates, o líder haitiano aceitou um armistício, mas foi traído e acabou preso e deportado para a França, onde morreu dois anos depois. A ameaça de retorno aos grilhões levou os ex-escravos a reagruparem-se. Dessa vez, os franceses foram derrotados e retiraram-se para a parte leste da ilha, onde permaneceriam até 1809. Finalmente, em janeiro de 1804, o país foi declarado independente e ganhou o nome de Haiti, dado pelos antigos habitantes, os índios arauaquis. Nascia a primeira nação negra livre da história, fruto da única revolta de escravos que deu certo.
Dos 23 governantes do Haiti que se seguiram até 1915, 19 foram destituídos ou assassinados. Depois de anos de guerra, as plantações e as cidades estavam destruídas. Os trabalhadores com alguma especiliazação haviam fugido do país. O comércio deixou de existir. Não havia moeda. Temerosos de que a rebelião de escravos se espalhasse continente afora, as potências européias e os Estados Unidos não reconheceram a independência da nova nação. E pior: interromperam todas as relações comerciais. O bloqueio estrangulou a economia e esfacelou o poder político. O primeiro presidente, Jean-Jacques Dessalines durou pouco mais de um ano e foi assassinado. Em seu lugar assumiu Christophe Henry, que convocou uma assembléia constituinte, em 1806, na qual defendia que os ex-escravos voltassem às plantações de cana. Outra vez o país se dividiu, Henry e suas tropas fugiram para o norte. Lá, ele se proclamou rei Henry I, construiu palácios e instalou uma corte composta de quatro príncipes, oito duques, 22 condes, 37 barões e 14 cavaleiros. A aventura durou até 1920 quando, no meio de uma grave crise financeira, greves e fome, Henry se matou com um tiro. Seu efêmero reino foi incorporado à República do Haiti. Mas a situação política não melhorou muito e o país passou por guerras civis e golpes de Estado, numa incrível média de um a cada seis meses.
No início do século 20, a realidade internacional era outra. Com a construção do Canal do Panamá, em 1914, e a independência de praticamente todas as colônias européias, a geopolítica local se alterara e os americanos, a maior potência da América, passaram a olhar seus vizinhos com outros olhos. Era a época da chamada doutrina Monroe (“a América para os americanos”), que pretendia defender o continente dos interesses europeus. A Primeira Guerra Mundial foi o estopim para que, em 1915, os Estados Unidos invadissem o Haiti. “As principais razões eram prevenir uma ação militar dos alemães e proteger os investimentos americanos no país”, afirma David Geggus, professor de história na Universidade da Flórida e autor de vários livros sobre o Haiti.

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Itapetininga, São Paulo, Brazil
Sou professora de história, pedagoga e apaixonada por educação. Pretendo colaborar com os colegas educadores.